Acredita-se que as aves tenham surgido na Terra há cerca de
150 milhões de anos, derivando do tronco dos répteis, pouco depois dos
primeiros mamíferos. As aves são classificadas no grupo Diapsida, junto com os
dinossauros, crocodilianos, o tuatara e os Esquamata.
Os Diapsidas possuem uma
única articulação ligando o crânio à primeira vértebra cervical, o côndilo
occipital; esterno ossificado; crânio com abertura superior e inferior, etc.
Além disso, aves e répteis possuem apenas um osso no ouvido médio e a mandíbula
formada por 5 ou 6 ossos; resíduos nitrogenados excretados sob forma de ácido
úrico e clivagem embrionária superficial.
Essas
similaridades levaram estudiosos a classificar as aves num grupo de dinossauros
mais derivados, os Terópodos. Dentre as características em comum podemos citar
o pescoço longo em forma de “S”, pé tridátilo e ossos pneumáticos ocos.
Mais profundamente dentro
do grupo, os Dromeossauros possuem mais caracteres compartilhados com as aves.
Alguns dromeossauros como o Velociraptor, tinham a capacidade de girar
as mãos durante a caça, e o Unenlagia podia movimentar os braços pra
cima e para baixo, ambos os movimentos essenciais para o vôo.
Velociraptor |
Dromeossauros
Uma importante descoberta
relacionada à evolução das aves, foi quando os cientistas encontraram na China
fósseis de dois gêneros de Dromeossauros datados do Jurássico Superior ou
Cretáceo Inferior, ambos tinham seus corpos revestidos por estruturas
semelhantes a penas. Foram chamados de Caudipteryx e Photoarchaeopteryx.
O
Caudipteryx era emplumado, tinha membros anteriores curtos, não podiam voar e
suas penas simétricas estavam presas ao segundo dedo da mão, como nas aves
modernas, e um tufo de penas com vexilos era proveniente da cauda.
O
Photoarchaeopteryx tinha plúmulas e as penas dos membros anteriores também eram
simétricas e possuíam vexilos, sua cauda tinha plúmulas e uma fileira de penas
assimétricas com vexilos.
Baseados
na descoberta desses fósseis com plúmulas e penas, os cientistas levantam a
hipótese de que as plúmulas surgiram como isolante térmico para esses animais
que possuíam altas taxas metabólicas e calor suficiente para ser guardado pelo
corpo, e que as penas com vexilos nos membros anteriores, por serem simétricas,
não permitiam aos Dromeossauros voar, mas provavelmente eram coloridas e
serviam ao animal para exibições sociais, como a corte e a defesa de
território.
Embora
existam evidências de que as aves derivaram de répteis primitivos, essa
hipótese não pode ser diretamente testada devido à falta de registros fósseis
de formas de transição. Entretanto fósseis recentes de aves do Cretáceo
evidenciaram novas descobertas sobre a origem do grupo, ainda unindo as aves
primitivas aos répteis Terópodos.
Archaeopteryx
O mais
antigo registro fóssil de uma ave foi descoberto em 1861, na Alemanha, numa
pedreira calcária. O fóssil poderia ser facilmente identificado como um réptil:
cabeça de lagarto, mandíbulas com dentes ósseos implantados em alvéolos, cauda
delgada e comprida com vértebras móveis, três dedos finos não fundidos que
terminavam por garras. Entretanto, aquele fóssil possuía penas. Esse fóssil foi
denominado de Archaeopteryx lithographica, que significa “asa antiga”.
Archaeopteryx
é considerada a ave
mais primitiva e na classificação atual, a classe das Aves é constituída pela Archaeopteryx
mais as aves modernas, além dos descendentes do ancestral comum mais
recente. Os sedimentos mostram que o corpo da Archaeopteryx era
revestido por penas de contorno, além de possuir as penas das asas assimétricas
e diferenciadas em rêmiges primárias nos ossos da mão e em rêmiges secundárias
no antebraço. Bem diferente das encontradas no Caudipteryx e Photoarchaeopteryx.
As
impressões de penas no substrato fóssil são bem claras e demonstram que as
penas eram diferenciadas em rêmiges primárias, nos ossos da mão, em rêmiges secundárias
ao longo do antebraço e que possuíam os vexilos assimétricos. Essa disposição e
apresentação das penas, além do desenvolvimento da fúrcula, são iguais às das
aves modernas, sugerindo que a Archaeopteryx poderia ter capacidade de
vôo batido. Entretanto Archaeopteryx não apresenta outras
características que as aves modernas possuem para voar, como carpometacarpo
fundidos, articulações de cotovelo e pulso limitadas e esterno com quilha em
forma de lâmina.
Cientistas
afirmam que as asas da Archaeopteryx tinham tamanho suficiente para
promover vôo, decolando a partir do chão e que sua capacidade metabólica
poderia capacitar a ave com vôos maiores de 1,5 km a uma velocidade de 40 km/h.
Seu pé primitivo impedia o pouso em árvores, sendo a espécie obrigada a
aterrissar correndo, como fazem as galinhas.
Com todas as
características em comum, fica difícil imaginar que as aves não surgiram a
partir dos Terópodos, mas os registros fósseis encontrados atualmente não
formam uma série evidente da evolução. Nem sempre penas, vôo e aves estão
relacionados. Mesmo com o aparecimento das penas em dinossauros, o vôo batido
evoluiu em 3 grupos distintos de vertebrados: os pterossauros, as aves e os
morcegos, onde podemos dizer que as asas surgiram por meio da evolução convergente.
Archaeopteryx lithographica |
Fóssil de Archaeopteryx lithographica |
Nenhum comentário:
Postar um comentário